Angola registou uma quebra de 340 milhões de dólares (300 milhões de euros) na comercialização do petróleo bruto no terceiro trimestre de 2018, face ao anterior, período em que exportou 130,5 milhões de barris, informou hoje o Governo.
De acordo com o director Nacional de Mercado e Promoção da Comercialização do Ministério dos Recursos Mineiras e Petróleos de Angola, Gaspar Sermão, que falava num evento de apresentação de dados sobre o sector petrolífero angolano, que decorreu hoje em Luanda, o preço médio ponderado do barril foi de 74,9 dólares, tendo o país arrecadado 9.800 milhões de dólares (8.625 milhões de euros) em receitas, entre Julho e Setembro. Gaspar Sermão acrescentou que no período em análise o país importou igualmente “menos combustível”.
Da parte estatal Sonangol Comercialização Internacional (SONACI), o presidente da comissão executiva, Luís Manuel, explicou que as vendas da empresa no mercado internacional atingiram um valor bruto de cerca de 3.555 milhões de dólares (3.130 milhões de euros).
O valor global arrecadado, explicou, corresponde à venda de um volume de cerca de 47 milhões de barris, em que o valor médio diário das vendas foi de cerca de 516.000 barris e o preço médio das vendas esteve “muito próximo de 75 dólares/barril”.
De acordo ainda com Luís Manuel, no terceiro trimestre de 2018, o país registou também quedas no domínio da importação de derivados de petróleo, em comparação com o período anterior, encaixando uma poupança de 92 milhões de dólares (81 milhões de euros).
“Foram importadas neste período cerca de 763.000 toneladas métricas que resultou num dispêndio de cerca de 525 milhões de dólares [462 milhões de euros]. Face ao segundo trimestre vemos que há aqui uma redução nas importações que trouxe uma poupança de cerca de 92 milhões de dólares”, salientou.
“O volume importado no segundo trimestre foi de 913.000 toneladas métricas e o dispêndio esteve na ordem dos 617 milhões de dólares [543 milhões de euros]”, acrescentou.
Por sua vez, o investigador do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola (UCAN), José de Oliveira, disse aos jornalistas que a quebra na comercialização do brent deve-se à pouca exploração que se regista nos últimos anos.
“Como temos tido pouca exploração nos últimos anos, devido à crise e ainda por não termos tido grande sucesso no preço, [a exploração] tem estado a diminuir e isso é um dos motivos que faz com que a produção também esteja a diminuir”, indicou.
Para o investigador do CEIC, a redução da importação de derivados do petróleo é consequência do “reduzido consumo” que o país regista, acrescida pela “estabilidade no sector eléctrico” a nível nacional.
“Estamos a consumir menos, pois a crise económica está a afectar o consumo. Por outro lado, o sector eléctrico também está muito mais estável. Portanto gasta-se muito menos diesel agora para gerar electricidade”, argumentou.
No terceiro trimestre deste ano, a China continuou a ser o principal destino do petróleo exportado em Angola, absorvendo cerca de 56% do crude angolano, à frente da Índia, com cerca de 12%.
Lusa